Parque Memorial Quilombo dos Palmares: história viva no alto da Serra da Barriga

 Inaugurado em 2007, o Parque Memorial Quilombo dos Palmares está localizado em um platô uma área plana no alto da imponente Serra da Barriga, em Alagoas. Esse local simbólico foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1985 e guarda uma profunda conexão com a história da resistência negra no Brasil.

O parque foi criado para recriar o ambiente da lendária República dos Palmares, reconhecida como o maior, mais duradouro e mais organizado quilombo das Américas. Caminhar por esse espaço é fazer uma viagem no tempo, vivenciando de perto a força e a cultura de um povo que lutou bravamente por liberdade e dignidade.


Nesta espécie de maquete viva, em tamanho real, foram reconstruídas algumas das edificações mais simbólicas do Quilombo dos Palmares. As construções, feitas com paredes de pau-a-pique e coberturas vegetais, carregam inscrições em línguas de origem africana, como banto e iorubá, preservando a ancestralidade e a força cultural do povo quilombola.

Entre os espaços representados, é possível conhecer o Onjó de Farinha (Casa de Farinha), o Onjó Cruzambê (Casa do Campo Santo), o Oxile das Ervas (Terreiro das Ervas), Ocas indígenas e a Muxima de Palmares (Coração de Palmares). Cada ambiente revela detalhes sobre o cotidiano, a espiritualidade e os saberes tradicionais que faziam parte da vida na antiga República dos Palmares.

Além dessas construções que recriam o modo de vida da comunidade quilombola, o Memorial também oferece ao visitante um espaço de reflexão e conexão com a história. A paisagem ao redor, marcada pela imponência da Serra da Barriga, convida ao silêncio, à contemplação e ao reconhecimento da resistência negra como parte fundamental da identidade brasileira.

1. Oxilé das Ervas

As plantas e raízes têm propriedades medicinais, por isso os diversos povos africanos e indígenas as utilizam para cura de enfermidades, banhos e oferendas. A medicina natural mantida no Quilombo dos Palmares perdura até hoje nas comunidades indígenas e quilombolas, nas casas religiosas de matriz africana e nos quintais, hortas e canteiros das família brasileiras.

2. Onjó Cruzambê

Este espaço serve de apoio aos praticantes das religiões de matriz africana. Desde a década de 80, nas madrugadas de 20 de novembro, esta área sagrada recebe Babalaôs, Ialorixás, Ekedes, Ogãs e Abiás, que se reúnem para  realizar rituais de agradecimentos e oferendas às divindades afro-brasileiras. Por meio dos orikis (orações), esses(as) religiosos(as) pedem licença para que a Serra seja visitada e proteção para a área e seus visitantes.

3. Espaço Acotirene

É parte do universo cultural dos distintos povos africanos a não dissociação entre o material e o espiritual. Assim, as divindades estão presentes em todos os momentos da vida desses povos e seus descendentes. Os Inquices dos Bantus, os Voduns dos Jéjes e os Orixás do Yorubas, representando as forças da natureza, inspiravam e protegiam o povo palmarino.

O Espaço Acotirene, nome dado a um dos maiores mocambos dos que faziam parte da República dos Palmares, é uma referência às divindades africanas que, como Acotirene no Quilombo dos Palmares, orientava, aconselhava e guiava os povos negros.

4. Muxima de Palmares

É uma homenagem aos principais líderes do Quilombo dos Palmares: Aqualtune, Ganga-Zumba e Zumbi, aos Comandantes-Chefe que formavam o Conselho Deliberativo da República: Acaiene, Acaiuba, Acotirene, Amaro, Andalaquituche, Dambrabanga, Ganga Zona, Osenga, Subupira, Toculo, Tabocas e a Banga, Camoanga e Mouza, que resistiram depois da morte de Zumbi.

5. Espaço Quilombo

Espaço Quilombo dos Palmares é um convite aos visitantes para que reflitam sobre as trocas entre as culturas africanas, afro-brasileiras, indígenas e europeias presentes na história palmarina, assim como sobre a organização política, social e militar consolidada no Quilombo dos Palmares.

6. Atalaia de Acaiene

Os ataques de tropas escravistas foram constantes em Palmares. Dezenas de Expedições organizadas por diferentes agentes e de diferentes portes atacavam Palmares por todos os lados. Em alguns momentos, o despenhadeiro foi uma alternativa frente a premente ameaça de retorno ao cativeiro. Nos derradeiros ataques, Zumbi, ferido, conseguiu escapar para o sumidouro na Serra dois Irmãos, em Viçosa/AL. Tentou reorganizar o Quilombo dos Palmares, retomando a prática de guerrilha. Aparecia em povoados, arraiais e engenhos, disseminando a lenda da sua imortalidade.

7. Ganga zumba

Filho da princesa Aqualtune, Ganga Zumba reinou durante décadas, levando o Quilombo dos Palmares ao apogeu e ao reconhecimento como nação, assinou um pacto com o governador de Capitania de Pernambuco, em 1678, onde aceitava que os quilombolas deixassem o território onde viviam. Ganga Zumba foi morto e os que o obedeceram foram ré escravizados pelos portugueses.

8. Lagoa Encantada

Este lugar representa a purificação da vida, onde os quilombolas palmarinos repousavam e saciavam a sede, afiavam suas armas e ferramentas, alimentava suas almas com a presença do supremo através da energia da natureza à sombra da Gameleira Branca. No Brasil, Irôco é o orixá dessa árvore e representa o tempo. A Gameleira é a árvore primordial, a essência da criação, o poder da terra que ensina aos homens o sentido da vida.

9. Espaço Aqualtune

Princesa e guerreia aficana, Aqualtune fugiu grávida de um engenho em Porto Calvo, no século 17. Determinada, a princesa desbravou uma terra desconhecida e hostil em nome de sua liberdade. Filha do rei do Congo, liderou o Quilombo dos Palmares, também conhecido como Angola Janga (Minha Angola Pequena). Aqualtune foi mãe de Ganga Zumba e avó de Zumi, dos principais líderes do Quilombo de Palmares

10. Ocas indígenas

A cultura indígena e seus valores foram fundamentais à sobrevivência dos quilombolas na Serra da Barriga. Pesquisas arqueológicas realizadas no local comprovaram a presença de indígenas centenas de anos antes da chegada dos europeus ao Brasil e da formação dos quilombos na região.

11. Espaço Caá-Puêra

A capoeira se desenvolveu no Brasil e tem raízes nas danças africanas e indígenas. Além de uma técnica de combate, surgiu como uma esperança de sobrevivência aos ataques investidos contra os quilombos. É dança, é ginga, é esporte, é cultura e filosofia. É luta de resistência e liberdade.

12. Batucajé

O batuque é a essência da cultura negra brasileira. Os sons dos tambores, berimbaus, adufes (pandeiros) e agagôs levam homens e mulheres a sintonizar seus corpos e espíritos através da ginga da capoeira, da congada, do maracatu, do samba. Nascimentos, mortes, plantios, colheitas, vitórias e manifestações da natureza eram comemorados comunitariamente com danças, músicas e baticuns.

13. Atalaia de Acaiuba

Protegidos pela densa Mata Atlântica, os quilombolas Palmarinos usaram táticas de guerrilha avançada para surpreender e derrotar expedições portuguesas e holandesas ao longo de décadas. As tropas portuguesas e holandesas somente conseguiram penetrar o Quilombo dos Palmares armadas de canhões e escopetas. Neste ponto, em 1694, foi registrado o maior genocídio da história do Brasil, onde forma degolados homens, mulheres e crianças quilombolas.

14. Onjó de Farinha

A farinhada, comum nas comunidades rurais, era uma prática indígena, incorporada pelos negros, muito utilizada no Quilombo dos Palmares. Da mandioca, extraíam a farinha que, depois de torrada era usada no preparo de bolos, beijus, tapiocas e outras iguarias. Os quilombolas viviam da roça e da criação  de animais.

15. Espaço Zumbi

Último Comandante-em-Chefe do Quilombo dos Palmares, Zumbi chegou a liderar mais de 20 mil homens. No dia 20 de novembro de 1695, ele foi traído e morto. Fruto de mobilizações e articulações do Movimento Negro Brasileiro, a data de sua morte foi estabelecida como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Desde 1997 é reconhecido como Herói Nacional pelo Governo Federal.

16. Atalaia de Toculo

Do ponto onde se avista o rio Mundaú, Zumbi comandava a resistência quilombola, que controlava movimentos suspeitos na mata. A paliçada construída no sopé da Serra tornou-se uma proteção impenetrável, uma fortaleza rodeada por fossos. Canhões foram utilizados, pela primeira vez, contra Palmares em 6 de fevereiro de 1694, surpreendendo os quilombolas e determinando o fim trágico da Cerca Real dos Macacos.

17. Restaurante

O restaurante Kúuku-Wáana é uma referência à cozinha quilombola palmarina. Na cultura afro-brasileira a culinária tem uma dimensão que transcende o alimento. É uma oferenda da natureza aos seres vivos e serve como elo de comunicação entre os homens e seus ancestrais. Na cultura Bantu, representa um dos elementos de restauração da força vital.


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